102ª SESSÃO ORDINÁRIA DA
4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA IX LEGISLATURA.
Em 10 de outubro de 1986.
Presidida pelos Srs. Isaac Ainhorn - 1º Secretário, Antonio Hohlfeldt -
2º Secretário e Cleom Guatimozim - nos termos do art. 11, § 3º, do Regimento
Interno.
Secretariada pelos Srs. Valdomiro Franco - 3º Secretário e Adão Eliseu
- Secretário “ad hoc”.
Às 9h30min, o Sr. Cleom Guatimozim assume a Presidência e procede à
chamada nominal dos Srs. Vereadores para verificação de quórum.
Não havendo quórum para o início dos trabalhos, foi realizada nova
chamada às 9h45min.
Responderam os Srs. Adão Eliseu, André Forster, Antonio Hohlfeldt,
Brochado da Rocha, Cleom Guatimozim, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Hermes
Dutra, Ignácio Neis, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, Jorge Goularte, Mendes
Ribeiro, Pedro Ruas, Rafael Santos, Raul Casa, Terezinha Chaise e Valdomiro
Franco.
O SR. PRESIDENTE: Havendo número legal,
declaro abertos os trabalhos da presente Sessão.
Solicito ao Sr. Mendes Ribeiro que proceda à leitura de trecho da
Bíblia.
O SR. MENDES RIBEIRO: (Lê.) “Alegrei-me quando me
foi dito: iremos ao templo de Senhor./Pomos enfim os nossos pés/dentro das tuas
portas, ó Jerusalém!Jerusalém, construída como cidade/toda em si compacta”.
O SR. PRESIDENTE: O Sr. 2º Secretário
procederá à leitura da Ata da Sessão anterior e da Ata da 41ª Sessão Solene.
(O Sr. 2º Secretário lê.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação as Atas.
(Pausa.) Não há quórum para a votação das mesmas.
O Sr. 2º Secretário dará conhecimento ao Plenário das proposições
encaminhadas à Mesa, hoje, pelos Srs. Vereadores.
O SR. 2º SECRETÁRIO: À Mesa foram encaminhadas
proposições pelos Srs. Vereadores (passando a ler) Clóvis Brum (02), Ennio
Terra (01), Ignácio Neis (03), Luiz Braz (01), Raul Casa (01) e Cleom
Guatimozim (01).
É só, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: O ementário do Expediente
está distribuído em avulsos.
A seguir, passaremos à
1ª SESSÃO
PROC. 2180 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 30/86, que denomina Rua Orlando
Silva uma via pública.
2ª SESSÃO
PROC. 2150 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 29/86, que autoriza a alienação de
imóveis, por compra e venda, através de concorrência pública.
PROC. 2047 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 26/86, que declara de utilidade
pública a FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA JUVENTUDE RURAL DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL - FUNDAJUR.
PROC. 1789 - SUBSTITUTIVO do Ver. Raul Casa ao Projeto
de Lei Complementar do Legislativo
nº 08/86, que altera a Lei Complementar nº 133 de 31 de dezembro de 1985, que
estabelece o Estatuto dos Funcionários Públicos do Município de Porto Alegre.
PROC. 2162 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 24/86, da Comissão de Inquérito,
para apurar denúncias sobre corrupção, ameaça de morte e abuso de poder,
trazidos a esta Casa por vendedores ambulantes.
3ª SESSÃO
PROC. 2069 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO Nº 15/86, do Ver. Raul Casa, que dá nova redação ao artigo 194 da Lei
Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985.
PROC. 2008 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 67/86, da Vera. Jussara Cony, que
altera a designação da via pública Estrada do Amapá para Rua Amapá.
PROC. 2096 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 71/86, do Ver. Valneri Antunes,
que denomina Jardim da Resistência uma área residencial no Bairro Anchieta.
PROC. 2107 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 20/86, da Vera. Gladis Mantelli,
que concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Dr. Plínio Sefton de
Azevedo.
PROC. 2113 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 21/86, da Vera. Teresinha Chaise,
que concede o título honorífico de Cidadã Emérita à Professora e Bailarina
Antônia Seitz Petzhold.
PROC. 2120 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 22/86, do Ver. Hermes Dutra, que
concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Eugênio Mendes
Machado.
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Inscritos para discutir a
Pauta: Ver. Frederico Barbosa - desiste; Ver. Jorge Goularte - ausente; Ver. Antonio Hohlfeldt - desiste; Ver. Cleom Guatimozim - desiste e Ver. Isaac Ainhorn -
desiste.
Passamos ao período de
A seguir, com a palavra, o Ver. Frederico Barbosa.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, minhas primeiras palavras são para dizer da minha alegria de ver no
Plenário o Ver. Brochado da Rocha, que estava há algum tempo no Executivo e,
voltando a esta Casa, dá satisfação e brilho. Falo em nome do PFL sem
menosprezar ninguém.
Os jornais de hoje trazem em manchete episódios referentes a um
processo que, tramitando, pára em mãos deste Vereador como Relator, mais
precisamente com referência à oficialização de pontos para consertos de
fechaduras e serralherias no Centro da Cidade, de autoria do Ver. Antonio
Hohlfeldt, a pedido do atual Secretário do Governo, Ver. Valdir Fraga, no
sentido de corrigir um erro gráfico. Chegando às mãos deste Vereador já há
algum tempo, dialogando com o autor e com o Ver. Valdir Fraga sobre o número de
concessões, ontem fez com que eu notasse um problema que diz respeito
diretamente a algumas constatações que fiz na tribuna há dois dias atrás com
referência à tramitação administrativa dos processos desta Casa.
O Projeto de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt consta de uma capa
datada do dia 23 de abril deste ano e, na primeira folha, na Exposição de
Motivos, consta a assinatura do Ver. Antonio Hohlfeldt com data de 5 de março.
Portanto, no primeiro momento, temos uma visão de que o Projeto estivesse
pré-datado ou a capa tivesse sido elaborada dias antes do ingresso do Projeto.
É absolutamente clara a diferença entre 23 de abril da capa e 5 de março. Como
a Casa está envolvida com algumas constatações referentes a projetos,
principalmente com referência ao Ver. Antonio Hohlfeldt, achei por bem
solicitar ao Presidente da Casa esclarecimento sobre as divergências das datas,
e me parece uma constatação absolutamente administrativa, eis que, em nenhum
momento, se poderia vincular qualquer ação do Ver. Antonio Hohlfeldt no sentido
de colocar um projeto com data diferente na capa. É um projeto polêmico porque
estabelece, na área do Centro da Cidade, algumas concessões, inclusive corrigindo
o Projeto de autoria do Ver. Valdir Fraga. Não é um projeto que possa mostrar
qualquer interesse e, diga-se de passagem, interesse esse que não se encontra
em nenhum dos trinta e três Vereadores no sentido de modificar os seus próprios
projetos.
Então, determinei à Assessoria do meu Gabinete que elaborasse um
despacho, que assinei e encaminhei ao Presidente da Casa, e peço que seja
respondido com a brevidade possível, para que nós possamos esclarecer o que
está acontecendo com referência a essas constatações que fiz durante a semana
de processos que não têm numeração de folhas, carimbo de Protocolo e algumas
outras coisas que são absolutamente necessárias para que a Casa não fique
jogada, novamente, à opinião pública. É nesse sentido que gostaria de meditar
em voz alta, no Plenário, com referência a algumas manifestações desde o
surgimento do problema com o Ver. Antonio Hohlfeldt com um processo sobre o
qual a polêmica está estabelecida e para a qual fui chamado para algumas
entrevistas, principalmente no dia de hoje, tendo em vista manifestações minhas
e constatações sobre outras tramitações que são realizadas sem páginas
rubricadas, sem carimbo de Protocolo, etc, e agora esta, que eu tenho
obrigação, por força do dever, de encaminhar e que por acaso atinge um processo
que também tem autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt. Ora, a Casa e a população de
Porto Alegre já ouviram manifestações de que a solução para o problema do Ver.
Antonio Hohlfeldt seria uma Comissão de Inquérito, e é nesse sentido que faço um
apelo à Mesa da Casa...
O SR. PRESIDENTE: Informo a V. Exa. que, por
um lapso, constava aqui dez minutos no tempo de marcação, razão pela qual não
houve a sinalização dos cinco minutos. Em atenção a V. Exa., a Mesa concede
mais um minuto para que V. Exa. conclua o seu raciocínio, pedindo escusas ao
nobre Vereador que se encontra na tribuna.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Então, a pergunta que deixo
no ar, no momento em que concluo, por força do horário, o meu pronunciamento, e
que encaminho, inclusive, em nome da Bancada do PFL, à Mesa da Casa, depois do
diálogo que tive com os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Raul Casa e Jaques
Machado, este último que nos abrilhanta a manhã de hoje com sua presença, é por
que uma Comissão de Inquérito, neste momento, não seria o caminho ideal, tendo
em vista que a Casa, os Vereadores e os funcionários precisam de um
esclarecimento rápido e objetivo sobre o problema que está atingindo e levando
a Casa a manchetes de jornal, rádio e televisão. Não temos condições,
parece-me, de instalarmos uma CPI e darmos um prazo, a não ser aquele legal e
regimental, que é de noventa dias, o que certamente, dentro de um momento
eleitoral com a proximidade de 15 de novembro, com a proximidade do recesso e,
conseqüentemente, com a proximidade da eleição da nova Mesa, fará, se partimos
para uma CPI, com que o caso seja protelado para o ano que vem, o que me parece
que não é do interesse de nenhuma das partes, nem da Casa como um todo, nem da
população de Porto Alegre, que está, certamente, examinando o que acontece na
Casa onde colocou os seus representantes. Portanto, é esse o apelo que faço à
Mesa no momento em que ouvi manifestações a respeito de possibilidade de
Comissão de Inquérito para solucionar o problema. Além disso, a Bancada do PFL
tem absoluta certeza de que, tanto o episódio envolvendo o nome do ilustre Ver.
Antonio Hohlfeldt, como o despacho solicitado por mim no sentido do
esclarecimento dos problemas referentes a esse processo com datas diferentes,
não trarão nenhuma vítima na área funcional. Não há nenhum interesse em buscar
algum culpado dentro da Casa, mas há interesse em buscar um esclarecimento
amplo, e estou plenamente convicto de que devemos estabelecer regras modernas
em termos de administração e protocolo da Casa, sem procurarmos quem é o
culpado, mas sim procurarmos esclarecer, objetivamente, a população de Porto
Alegre.
Essa é a nossa obrigação, esse é o nosso dever e, acima de tudo, é o
que precisamos, sem termos em mira ninguém, nem funcionários, nem Vereador,
mas, acima de tudo, termos em mira, isso sim, o bom nome da Casa no qual o
episódio deve ser o mais rápido possível esclarecido e não protelado, porque,
volto a dizer neste final de pronunciamento, não há interesse de nenhuma das
partes em levar qualquer episódio deste tipo para futuras elucidações seis
meses ou um ano depois, o que certamente aconteceria se uma Comissão de
Inquérito fosse instalada.
Peço escusa à Mesa por ultrapassar o horário. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Jorge
Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, quero dar os meus cumprimentos ao Ver. Brochado da Rocha, que
retorna à Casa, e vou falar exatamente em cima do trabalho do Ver. Brochado da
Rocha.
Estou preocupado com o fato de que as modificações necessárias no Plano
Diretor não tenham o mesmo ritmo que vinham tendo com a saída do Vereador da
Secretaria de Planejamento. Porto Alegre precisa modificar com urgência
critérios estabelecidos no Plano Diretor, no primeiro Plano que nós votamos
nesta Casa em 79, especialmente no que concerne ao índice de aproveitamento da
área física dos terrenos. Pelo Plano Diretor, Porto Alegre ficou uma cidade
elitizada e expulsou do seu perímetro mais nobre inclusive a classe média. O
preço do metro quadrado de terreno ficou proibitivo e o preço, em conseqüência,
do metro quadrado da construção civil afastou, eu repito, inclusive a classe
média da possibilidade de aquisição da casa própria. Acrescente-se este
problema à suspensão do financiamento do imóvel usado, fazendo com que a
construção civil tenha apenas alguns imóveis de altos preços e alguns imóveis
de baixos preços, em qualidade inferior, feitos através do sistema de habitação
do DEMHAB e da COHAB. A classe média está com problemas para a aquisição de
imóveis novos e sabe-se que o vendedor de imóvel usado é o comprador do imóvel
novo em potencial. Então, modéstia à parte, conhecedor que sou desse assunto,
por ser corretor de imóveis registrado é que sinto a preocupação dos
investidores, dos incorporadores, com a possibilidade de novos investimentos
nessa área. O trabalho que o Ver. Brochado da Rocha vinha fazendo nesse setor
era de alta relevância e espero que haja uma continuidade, Vereador. Tenho
sérias preocupações de que, com a saída de V.Exa., não haja aquele mesmo ritmo
que estávamos sentindo nas modificações necessárias ao Plano Diretor. Eu
gostaria até que V. Exa. desse a este Vereador a possibilidade de informar em
que nível estão os encaminhamentos dos assuntos referentes a essa matéria,
porque é de extrema relevância para Porto Alegre uma modificação séria no Plano
Diretor. O índice que temos, hoje, em várias zonas, é proibitivo, e o Vereador
sabe disso. Há impossibilidade até de que se façam demolições de imóveis velhos
para se construírem imóveis novos porque não se pode nem aproveitar a mesma
área para construir, com a demolição do imóvel velho, dado o baixo índice que
consta no Plano Diretor. Por isso, Ver. Brochado da Rocha, me parece que o
melhor meio de recebê-lo nesta Casa, de saudá-lo, é manifestando a preocupação
com a continuidade do trabalho que V. Exa. vinha desenvolvendo, o que era
extremamente válido e relevante.
O Sr. Brochado da Rocha: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a V. Exa. as
palavras imerecidas de que fui alvo por parte de V. Exa., tendo em vista,
certamente, sua generosidade. Quero deixar bem claro a V. Exa., à Casa, aos
Anais, à Cidade, que me sinto responsável por aquela Secretaria e por este assunto
até o dia em que assinei o último documento, que foi, exatamente, meu pedido de
exoneração em caráter irrevogável. Daqui para frente, não só tenho conhecimento
como estudarei a forma como ele será encaminhado. Adianto a V. Exa. que enviei
à Casa, a todos os Vereadores, a V. Exa., certamente, de vez que eram trinta e
quatro manuais, sendo um para a Biblioteca da Casa. Constituí uma Comissão para
isso, a qual já estava trabalhando. Quero deixar bem claro que o que me
preocupa sobre o assunto é que não um segmento da Cidade ou dois devam ter
guarida nas reiterações sobre a avaliação do Plano Diretor, mas uma abrangência
maior de reivindicações, que V. Exa. pode constatar que existe. Como V. Exa.
disse, sou daqueles que acha que deve haver revisão. Trarei para debate na
Câmara, também, um documento que julgo seja mais importante, um programa de
desenvolvimento urbano na Cidade de Porto Alegre, que se encontra absolutamente
à deriva. Para consideração de V. Exa. digo que a Cidade de Porto Alegre é uma
cidade inacabada, que não tem a I Perimetral, a segunda, a terceira, e a quarta
nem se fala.
O SR. JORGE GOULARTE: Sou grato a V. Exa. e
enfatizo, para encerrar, já que participei da Comissão de Elaboração do Plano
Diretor, do qual o nobre Vereador foi relator, que este é um assunto de extrema
validade, e vamos voltar a ele com mais assiduidade porque Porto Alegre precisa
de uma modificação muito ampla no seu Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O terceiro inscrito é o
Ver. Antonio Hohlfeldt, que está com a palavra.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, em nome do PT, saúdo o Ver. Brochado da Rocha em seu retorno aos
trabalhos desta Casa. Saiba V. Exa. que sentimos realmente sua falta na
CEDECON, onde atuamos durante todo o ano passado. Espero contar com seu
convívio nos próximos meses.
Por outro lado, somo-me à manifestação do Ver. Frederico Barbosa, de
ontem, quando expôs sua preocupação em relação à necessidade de ampliarmos o
controle de tramitação dos processos desta Casa. O episódio surgido nesta
semana, que envolve um projeto de minha autoria, é um exemplo, não o primeiro,
que vem a corroborar esta questão. Neste episódio, como está explícito na
Exposição de Motivos, reapresentei-o a pedido do Ver. Valdir Fraga. Relembro
que, ao longo desses anos, desde 1983, em que acompanho esta Casa na condição
de Vereador, a Mesa tem buscado corrigir falhas verificadas. Em vários momentos
em que ocorreram problemas, buscamos um controle maior da tramitação dos
projetos. Também é reconhecida a dificuldade que a CMPA atravessa de falta de
pessoal, acumulando tarefas. Há dificuldade de se acompanhar tudo o que ocorre
exatamente porque esta Casa não é um quartel e, sim, uma Casa democrática,
aberta, onde entram e saem várias pessoas. Nesse sentido o controle é difícil.
Todos sabemos que projetos já foram perdidos e situações até de maior
constrangimento do que estas de agora já ocorreram - parece-me que menos do que
encaminhamentos escandalosos que denigrem não tanto a figura do Vereador como a
própria instituição, sendo que nossa preocupação será de corrigir todas essas
falhas, aperfeiçoando o processo gradualmente.
O Sr. Brochado da Rocha: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, quero dizer que acompanho o raciocínio de
V. Exa. e aproveito a presença no Plenário do Diretor Geral da Casa, tendo em
vista o que li hoje na imprensa, dito pelo Ver. Frederico Barbosa. Acho que
deveríamos voltar à prática de termos as apresentações das propostas tramitando
primeiramente pela Mesa e posteriormente protocolando-se todos os documentos e
numerando-se as folhas 1,2,3,4, etc., e tendo uma pessoa que desse fé pública.
Digo isso, Vereador, porque V. Exa., como professor de uma Universidade,
deve saber que alguns alunos vêm aqui nesta Casa para fazer um procedimento
legislativo e esse procedimento guarda uma análise simétrica com o procedimento
judicial, e me parece que a Casa, nesse sentido, não tem guardado as
formalidades, muito portuguesas, aliás, mas que é a prática do Direto
brasileiro. De tal sorte que esse assunto com que V. Exa. se vê injustamente
envolvido - e outros poderão advir - agora causa apreensão a todos. Julgo que
ninguém seja culpado, mas julgo que todos nós passaremos a carregar um senso de
preocupação e de cuidado, salvaguardando os funcionários da Casa. Acho que
seria de bom alvitre que se adotasse um rigoroso formalismo no sentido do
encaminhamento desses papéis.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Obrigado, Ver. Brochado da
Rocha. Para concluir, Sr. Presidente, no caso em foco, levantado pelo Ver.
Frederico Barbosa, parece que a questão está bastante objetivada na própria
Exposição de Motivos, e o próprio Vereador já as referiu. Houve um erro na
datilografia do Projeto do Ver. Valdir Fraga, corrigido por mim, só que,
infelizmente, também da minha parte houve um erro, em meu gabinete, na
datilografia, necessitando de uma nova correção e, a partir daí, efetivamente,
foi dificultado o problema de tramitação deste Projeto que se encontra hoje em
mãos do Ver. Frederico Barbosa.
Quanto ao outro projeto, que é um projeto que regulamentava uma área do
MAPA, a situação me parece bastante simples. Não me preocupo, porque seria uma
posição muito estúpida da minha parte fazer qualquer substituição de documento
uma vez que o projeto original já não me interessava mais, eis que estava em
preparo um substitutivo. Esse foi discutido, inclusive, com a assessoria do Sr.
Prefeito Municipal através de um contato feito com a nossa funcionária Teresinha
Casagrande e depois um contato com o Dr. Silon Estivalet e, enfim, a
apresentação do Substitutivo, que é, exatamente, o que me interessava.
Preocupa-me apenas a possibilidade de uma exploração de má-fé em relação ao
episódio que se reflete, talvez, neste caso específico, menos sobre mim. Eu me
sinto muito satisfeito porque as reações em nível de meio de comunicação, dos
companheiros desta Casa e da opinião pública, têm sido de absoluta
solidariedade a mim neste episódio, que se reflete muito mais - esta é minha
preocupação - sobre a instituição. Me parece, portanto, que devemos encaminhar
o problema com objetividade e resolvê-lo no âmbito da Casa no sentido de
objetivarmos um controle maior deste tipo de situação. Então, nesse sentido,
apenas um registro: me sinto absolutamente tranqüilo em relação à situação
levantada. Acho que é importante que a opinião pública tenha acesso aos fatos.
Apenas me preocupa é um tom um pouco escandaloso com que se tratou o assunto e,
efetivamente, me parece que não condiz com o fato em si.
O Sr. Frederico Barbosa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Apenas colaborando com o que já disse, com o que V.
Exa. diz e com o que o Ver. Brochado da Rocha disse há pouco, tenho em mãos,
para relatar, um projeto que cria o grupo de guias mirins do Município de Porto
Alegre, de autoria da Vera. Teresinha Chaise. Esse processo está na nona folha.
Só está carimbado e numerado até a quinta. Na sexta folha, existe a minha
designação para relator. Ela pode ser tirada a qualquer momento, pois está
solta após um parecer contrário do Ver. Hermes Dutra, extenso parecer que,
casualmente, está rubricado em todas as suas folhas, mas não está numerado.
Aqui está o Ver. Ignácio Neis com outro processo. Então, sinto-me
constrangido em dizer isso, porque parece que eu quero chegar a minúcias, mas
nós estamos envolvidos por problemas de minúcias que fazem com que a Casa seja
posta diante da opinião pública devido à troca de projetos. Esse é o primeiro
passo para que se possa trocar uma folha, sem querermos dizer que a folha tenha
sido trocada por alguém, ou que alguém tenha a intenção de trocar. Contudo, sem
numeração, qualquer um pode trocar, até mesmo um funcionário que percorra os
corredores com um parecer de três ou quatro laudas sem nenhuma rubrica e
assinatura dos Vereadores na última. Não é que o funcionário queira trocar,
mas, de repente, numa certa mesa, ele pode embaralhar e aparecer uma folha de
outro parecer dentro do processo. Estou querendo ser mais realista do que o
rei, mas vou até o fim para que se tenha, pelo menos, o carimbo nas folhas.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Eu agradeço, Vereador.
Apenas quero comunicar à Casa que encaminhei, hoje, um ofício ao Sr. Presidente
pedindo o meu afastamento temporário da Mesa exatamente para que a Mesa tenha
absoluta tranqüilidade no tratamento da questão, já que sou membro desta Mesa.
Incluí, também, o pedido para ser analisada pelo Ver. Isaac Ainhorn, a quem
está afeta a questão, uma cópia do documento no qual eu pedi a retirada daquele
processo original, posteriormente modificado na sua redação. Acho que, com
isso, eu tomo as providências cabíveis, colocando-me, inclusive, à disposição
de uma eventual Comissão de Sindicância. Entendo, Vereador, como V. Exa., que a
idéia de uma Comissão de Inquérito não cabe nesta questão e entendo que um
encaminhamento nesse sentido complicaria as coisas dentro da Casa. Em todo o
caso, a decisão final caberá à Mesa, da qual hoje pedi um afastamento
temporário exatamente para dar absoluta liberdade para que os cinco
companheiros restantes decidam sobre a questão. Acho que isso coloca com
tranqüilidade a minha posição de que quem não tem nada com que se preocupar
nada tem a temer. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Antonio
Hohlfeldt):
Com a palavra, em tempo de Liderança, o Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, no Diário Oficial da União do dia 26 de setembro de 1986 foi
publicado um suplemento especial ao n.º 185, que traz o Anteprojeto Constitucional
elaborado pela Comissão Provisória de Estudos Constitucionais, instituída pelo
Decreto n.º 91.450, de 18 de julho de 1985. Trata justamente da comissão
designada por S. Exa. o Presidente da República, Dr. José Sarney, encarregada
de elaborar um anteprojeto de uma carta constitucional para o nosso País e que
seria um trabalho que serviria de subsídio aos Constituintes que, a partir de
março de 87, se instalarão na Assembléia Nacional Constituinte com o objetivo
de elaborar a Carta Magna do nosso País.
Inegavelmente, esse documento é um precioso subsídio quer do ponto de
vista da técnica jurídica, quer do ponto de vista dos conteúdos que traz à
discussão, quer do ponto de vista social, político, econômico para a nova Carta
da República brasileira. Pessoalmente, já tive oportunidade de examinar esse
anteprojeto e dele ter algumas divergências com relação ao mandato de
Presidente da República pelo período de seis anos. Sabemos que, quando da
constituição dessa Comissão, em que figuram homens como Afonso Arinos de Mello
Franco, Bolívar Lamonier, Barbosa Lima Sobrinho, Celso Furtado, Gilberto
Freire, Jorge Amado, Josafah Marinho, houve críticas de que a mesma era de
natureza elitista. Inegavelmente, encontramos-nos perante um documento que foi
elaborado por homens que possuem uma competência enorme, um acervo de
conhecimentos quer de natureza de Direito Constitucional, como de problemas de
natureza econômica, sociológica e política de nossa Nação. Eu acho que essas
pessoas têm, realmente, condições de apresentar subsídios preciosos para a
Assembléia Nacional Constituinte. Aliás, diga-se de passagem que, infelizmente,
o processo eleitoral, o debate eleitoral não se está centralizando,
basicamente, naquilo que entendíamos fundamental, que são os conteúdos da Assembléia
Nacional Constituinte.
Temos uma posição: a de que esse documento é um ponto de partida para
uma grande discussão sobre a nova Carta Constitucional do nosso País. Por essa
razão, estamos encaminhando Requerimento a esta Casa para que nomeie uma Comissão
encarregada de fazer um estudo e, a partir desse anteprojeto, fornecer
subsídios à nova Assembléia Nacional Constituinte sobre o Município e a nova
Carta Constitucional. Ninguém mais do que os Vereadores têm a sensibilidade dos
problemas não só do Município, mas dos problemas da nacionalidade, dos
problemas da nossa Nação. Por essa razão, Sr. Presidente, estamos encaminhando
Requerimento à Mesa dos trabalhos, para que se constitua uma Comissão de
Vereadores para que, a partir do Anteprojeto Afonso Arinos, se elabore um
conjunto de contribuições e subsídios sobre o Município e a Constituinte para
encaminhamento à nova Assembléia Nacional Constituinte, que se instalará em
março do ano que vem. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ainda, em Explicação
Pessoal, com a palavra, o Ver. Cleom Guatimozim.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Líder do PT, que agora preside a reunião, atribuiu as acusações
que surgiram contra ele à proximidade da votação, neste Plenário, da Comissão
de Inquérito da SMIC. Nós estávamos preparados para responder isso, inclusive
relacionando fatos a nível nacional e perguntando se também aqueles fatos eram
pela proximidade. Entretanto, chegamos à conclusão de que esse tipo de ação em
nada colabora nem coopera para a pacificação deste Plenário, motivo pelo qual
eu pretendo fazer o registro dizendo que tomei conhecimento desse fato apenas
pela imprensa e que não acredito que tenha havido, de parte do Vereador, esse
tipo de ação, até que se prove o contrário.
Sr. Presidente, desejamos, desta tribuna, pedir ao Prefeito Alceu
Collares que verifique imediatamente o grave problema que está ocorrendo na Rua
Mariano de Matos. Ontem à tarde, e hoje pela manhã, nesta Casa, uma grande
comissão de moradores daquela rua veio para reclamar o deslizamento das
barrancas existentes na margem da Rua Mariano de Matos. Essas barrancas,
deslizando, soterraram parte da rua. A SMOV esteve no local e a desobstruiu.
Entretanto, com a continuidade das chuvas, as rachaduras agora aparecem nos
pátios das casas, com grave perigo de vida para os moradores. Esse perigo de
vida se agrava porque, exatamente, o deslizamento pode ser maior na altura do
número 300, onde existe um grupo escolar com centenas de crianças nos três
turnos. O deslizamento é exatamente na frente do colégio.
O receio que o ser humano tem é de que sempre aconteça o pior, e o pior
poderia ser um deslizamento das barrancas na hora de saída de um dos turnos
desse colégio. Naquele local a Prefeitura tinha tomado algumas providências,
entre elas, a construção de uma escada com diversos degraus, que facilitou o
acesso da Rua Mariano de Matos para os moradores que moram em cima dessa
barranca. Não é uma vila popular que está ali, não é uma vila irregular. São,
exatamente, casas de construções regulares, existindo também, atrás dessas
casas, uma vila que se formou pela necessidade social, considerada vila
irregular. Entretanto, Srs. Vereadores, os moradores recorrem a esta Casa
dizendo que já estiveram na SMOV e que até agora ninguém apareceu lá para tomar
alguma providência, motivo pelo qual, ao registrar esta ocorrência, nós fazemos
um apelo ao Sr. Prefeito Municipal para que, certamente não tendo conhecimento
disso, determine aos órgãos públicos, principalmente à Secretaria, que tomem
urgentes providências, não as que surgirão no local, que seria a construção de
um muro de arrimo de alto preço e que possivelmente a Prefeitura não pudesse
construir.
Os moradores da Rua Mariano de Matos estão apreensivos e a solicitação
feita através deste Vereador é, Srs. Vereadores, o último apelo que vou fazer à
Prefeitura Municipal. Nós entendemos que a SMOV já deveria ter ido lá, ter
comparecido no local e dito aos moradores se oferece perigo ou não, já deveria
ter feito um laudo dando uma previsão do que poderia acontecer naquele local
para que os moradores pudessem obter maior segurança ou saber se, a qualquer
momento, podem esperar o pior.
Fica aqui o registro, inclusive reprisado, de que naquele local, bem na
frente do deslizamento, existe um grupo escolar e que há perigo de
deslizamento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Mendes Ribeiro tem a
palavra.
O SR. MENDES RIBEIRO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, a Zona Sul da Cidade anda em uma situação tremendamente
constrangedora e é por demais gritante o abandono cada vez mais sistemático que
vem sofrendo Belém Novo. Já é tempo de os moradores de Belém Novo se unirem
para que possam conjuntamente reivindicar melhorias definitivas àquele bairro.
O morador de Belém Novo é contribuinte de Porto Alegre. Se é
contribuinte de Porto Alegre, paga os seus impostos da mesma maneira que todos
os moradores dos demais bairros da nossa Cidade. Como podemos entender um
tratamento para um morador do Bairro Moinhos de Vento - e nada contra o morador
do Moinhos de Vento - e o tratamento dado ao contribuinte de Belém Novo? Por
tantas e tantas vezes foi solicitada nesta tribuna, por vários Vereadores, uma
atenção que fosse de acordo com a dignidade de vida de todos os moradores
daquele bairro! Eu já não falo mais no calçamento, porque parece que o
calçamento de Belém Novo está fadado, realmente, a não sair. Quantas e quantas
vezes as verbas vieram, com convênios assinados por esta Casa, e lá não foram
aplicadas? Falar da discussão do acesso para Belém Novo também é bater na mesma
tecla, porque, de tempos em tempos, um Vereador vem aqui - e o último que eu
ouvi se manifestar foi o Ver. Antonio Hohlfeldt - solicitar providências. Se
por acaso um acidente ocorre, é impossível se chegar onde está o carro, tal a
escuridão.
São tantas e tantas diferenças, é tanto o esquecimento, que está na
hora de Belém Novo agir. Está na hora, definitivamente, de Belém Novo tomar uma
atitude forte em termos de exigir o seu lugar ao sol na Administração do
Executivo Municipal. Não é possível mais conviver com esse esquecimento eterno.
Não é possível mais Belém Novo ser apenas um balneário de fim de semana para as
autoridades, enquanto aqueles que lá residem passam a maior parte do tempo
sofrendo privações e, inclusive, tendo problemas para tratamento de saúde e
todo tipo de necessidade.
O Sr. Brochado da Rocha: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vários Vereadores nesta Casa se preocupam com Belém
Novo há várias legislaturas. Gostaria de deixar à consideração da Casa que
pretendo iniciar uma campanha em que possamos fazer com que áreas de Belém Novo
e adjacências se separem de Porto Alegre. Belém Novo está sendo considerado, há
mais de quinze anos, como se fosse um bastardo de Porto Alegre, a nível do
antigo Código Civil. A coisa assume proporções tão fantásticas que acho que o
que resta de opção para quem tem uma panorâmica geral da situação de Porto
Alegre é Belém Novo se separar de Porto Alegre, tendo em vista que todas as
administrações - e este meu discurso é velho, não é novo - data da década de 70
- têm tratado disso de um modo muito frouxo. Daqui para frente vamos tratar
disso diferente. Acho que há tantos Municípios querendo emancipação, e Belém
Novo e adjacências é que merecem.
O SR. MENDES RIBEIRO: Vereador, exatamente é a
isso que quero chegar quando digo uma atitude forte. Acho que os moradores de
Belém Novo e lideranças precisam definitivamente tomar uma atitude forte quanto
ao abandono em que está por parte das autoridades. É tempo de Belém Novo se
unir, pensar que, de repente, aquele contribuinte que tanto colabora pode
definitivamente receber a justiça, o tratamento que merece.
Mas, Sr. Presidente, eu gostaria de estender ainda mais o meu
pronunciamento e peço licença a V.Exa. para dizer que existem muitos
telefonemas de Ipanema me dizendo que alguma coisa ocorreu nas obras que por
tanto tempo ficaram sendo efetuadas na Av. Tramandaí e, se não me falha a
memória, no riacho, que é o Capivari. Parece que tudo está alagado novamente,
que carros estão parados e a população passando os mesmos problemas de tantos e
tantos tempos. As obras recém foram construídas e parece que nada adiantou.
Estou apenas dizendo que recebi telefonemas e que estou registrando a preocupação
daquela comunidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PFL. Com a
palavra, o Ver. Frederico Barbosa.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, como disse o nobre representante do PMDB, Ver. Mendes Ribeiro, os
problemas de Belém Novo já se tornaram corriqueiros e, como bem disse o Ver.
Brochado da Rocha, já estão se tornando mais do que velhos nesta Casa: passa
governo, entre governo e continua exatamente a mesma coisa.
Mas eu gostaria de pedir a atenção do Ver. Mendes Ribeiro e do Ver.
Brochado da Rocha para o ofício que recebi do Executivo Municipal, que diz o
seguinte: (Lê.) “Em resposta a sua correspondência encaminhada a esta
Secretaria, na qual solicita a recuperação das vias de Belém Novo e a melhoria
das vias de acesso ao Parque Harmonia” - ou seja, onde nós estamos - “queremos
informá-lo de que a SMOV regularmente executa a conservação das ruas daquele
bairro com motoniveladora e que, a cada chuva, a estabilidade das vias públicas
fica prejudicada, pois não possuem pavimentação.” Paro neste parágrafo para
dizer que não lembro de ter enviado ofício à Secretaria do Governo Municipal
sobre a entrada do Parque Harmonia ou sobre Belém Novo. Em todo o caso, face à
inteligência e à capacidade de trabalho da funcionária Terezinha, que tem a
missão aqui de nos ouvir e de comunicar, conseqüentemente, ao Executivo o que
está acontecendo nesta Casa, posso presumir que tenham lido alguma coisa em
meus pronunciamentos. Tenho falado seguidamente que não sei distinguir se o
cartão de visitas de Porto Alegre é Belém Novo ou é a entrada do Parque
Harmonia. Em todo o caso, o Executivo pode escolher, porque não há diferenças
entre os buracos das ruas de Belém Novo ou da entrada do Parque Harmonia, ou seja,
qualquer um pode ser usado como cartão de visitas de Porto Alegre. É como diz o
Ver. Mendes Ribeiro: se batermos uma fotografia da entrada do Parque Harmonia,
ela poderá ser exposta como uma das ruas de Belém Novo - a Estrada do Lami, a
Estrada do Varejão, a Estrada Edgar Pires de Castro, a Estrada do Espigão, como
quiserem. Continua o ofício me dando ciência: “Quanto à conservação do Parque
Harmonia, a Secretaria do Meio Ambiente não dispõe, no momento, de equipamentos
para atender esse serviço.” Eu até pensei que a entrada do Parque Harmonia
fosse resolvida pela SMOV, porque precisamos é de patrola, é de areia, é de um
pouco de criatividade, é de um pouco de boa vontade, é de um pouco de
inteligência, que, somados e liquidificados, dariam uma entrada mais condigna.
Ontem recebi um telefonema de uma pessoa que me afirma - e custo a
acreditar - que, tentando dirigir-se à Câmara, um táxi negou-se a atendê-la,
tendo em vista a entrada e o estado atual do estacionamento. Nós, que temos
automóvel, é obrigação de aqui estar. Sabemos o que custa uma limpeza em termos
de tempo e de despesa, e um táxi não pode, numa corrida, arriscar-se a ficar
vermelho de barro em dias de chuva ou de pó nos dias de futuro verão. A pé, nem
se fala - só de botas e, ainda assim, de cano alto, porque ontem experimentei
vir de botas de cano baixo e levei-as de volta para casa para uma pronta
recuperação a fim de usá-las na próxima segunda-feira, se o sol chegar. Então,
o que acho extremamente interessante é o ofício, que diz que Belém Novo tem
recuperação periódica. “Queremos informá-lo que a SMOV regularmente executa a
conservação das ruas daquele bairro em motoniveladora e que a cada chuva a
estabilidade das vias públicas fica prejudicada, pois não possuem
pavimentação.” Acontece que o que o Executivo não sabe é que tenho o prazer de,
todos os dias, riscar, na minha agenda, o dia e anotar quando chove. Tem
chovido agora, mas não choveu durante muito tempo neste inverno - teve um mês
com apenas três dias de chuva -, e Belém Novo estava em petição de miséria como
está hoje. E dizem que a cada chuva estava sendo recuperado. Então, estavam
recuperando quase nunca, porque nem chuva tinha, pois estávamos à beira de um
problema de falta d’água por falta de chuva. Um mês choveu no máximo três dias
e, diga-se de passagem, três dias seguidos, Ver. Mendes Ribeiro. E agora, com a
vinda do sol, Belém Novo vai torrar, com as ruas esburacadas, e nós vamos fazer
verdadeiros tobogãs, porque agora sai o barro e entra o pó.
Mas aqui está o ofício, que agradeço. Mesmo sem ter enviado a
solicitação, agradeço a gentileza, dizendo que está sendo, realmente,
periodicamente resolvido o problema de Belém Novo e que o Parque - avise-se a
todos os Srs. Vereadores -, segundo o ofício do Secretário do Governo, a nossa
entrada, ficará como está porque a Secretaria do Meio Ambiente não dispõe, no
momento, de equipamentos para atender a esse serviço. Como isso está
acontecendo por escrito, cabe-me somente trazer à tribuna um relato fiel do que
recebi.
Encerro, Sr. Presidente, dizendo que, então, vamos continuar no barro,
no pó, nos buracos, aqui na Câmara, e todos os Vereadores, funcionários e povo
de Porto Alegre. Parece que estão querendo nos deixar isolados da população.
Belém Novo já está isolado da população há muito tempo, e os pobres moradores
estão pedindo, implorando, mas pagando os impostos em dia, o que, depois de
nove meses, com este ofício, parece constatar que Belém Novo foi atirado ao
Deus-dará. Era isso, Sr. Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Cleom
Guatimozim):
Liderança com o PMDB. Com a palavra, o Ver. Mendes Ribeiro.
O SR. MENDES RIBEIRO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, saibam que há uma semana recebi um telefonema de um amigo. Como eu
não estava na ocasião, tentei fazer a ligação depois, no horário em que esse se
encontrasse em casa. Tentei, tentei e não consegui. Na outra semana, repetiu-se
o mesmo recado e eu tentei, tentei e não consegui, novamente. De repente,
encontro-me com ele: “Mas, Mendes Ribeiro, te deixei dois recados e não me
ligaste!” “- Eu tentei te ligar.” “-
Então, não repares: é que o telefone da Restinga só funciona quando uma força
maior se movimenta e dá oportunidade para que a gente posso utilizar o aparelho
que pagamos para ter e que, geralmente, apenas decora uma das peças da nossa
casa!”
Quero trazer esse assunto para o Plenário da Casa e fazer o registro na
imprensa de Porto Alegre, porque é lamentável a situação em que se encontram os
telefones da Restinga. É impossível, em determinados dias e momentos, que
alguém se comunique com alguma pessoa daquele bairro pela via da comunicação
que hoje é das mais importantes, que é o telefone. Pediria à Cia. Rio-grandense
de Telecomunicações e ao Governo do Estado que providenciassem imediatamente o
exame do que está acontecendo. Alguma coisa mal feita está ocasionando
problemas imensos para toda aquela comunidade. Se o morador pagou, se a CRT
instalou o telefone e este não fala, alguma coisa está mal. Ou instalaram
telefones sem capacidade de a Companhia poder absorver os serviços daquele
bairro, ou existe algum defeito que por muito tempo vem sendo constatado e nada
vem sendo feito pela CRT.
A importância do telefone é imensa. Os pedidos de telefones públicos
estão em todos os bairros de Porto Alegre; todas as comunidades querem
telefones públicos, todas as pessoas querem ter um telefone na sua casa. Muitos
não podem pagar, mas tantos outros podem. O que está acontecendo? Tanto a
comunidade que pede o telefone público para ser utilizado como aquele elemento
que pode comprar o telefone para sua casa não adianta tê-lo porque não fala.
Qual a utilidade de um telefone que não funciona? Simples decoração para uma
mesa da sala? Alguma providência precisa ser tomada. Por isso deixo o apelo da
tribuna desta Casa para que a CRT e o Governo do Estado tomem providências
imediatas para que o acionista da CRT, para aquele que adquiriu o seu terminal
telefônico possa dele fazer uso, possa pelo menos contar com ele, porque o
telefone muitas vezes nos habitua a um determinado comodismo, pois, ao
precisarmos fazer algo, pensamos “não, depois telefono”. Só que deixamos de ir
para telefonar e não conseguimos. Não conseguimos nos comunicar com alguém,
porque os telefones, definitivamente, são raros os que funcionam.
Assim, deixo o alerta e o pedido de providências imediatas pelos órgãos
competentes. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Antonio Hohlfeldt em Explicação Pessoal.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, os erros devem ser corrigidos com absoluta tranqüilidade. A
intervenção do Ver. Cleom Guatimozim permite, de público, fazer o que gostaria
de fazer pessoalmente a ele. Trata-se do episódio do processo, o qual não ligo
à sua pessoa em hipótese alguma.
Entendo, ratifico o que já disse, pois acho que houve algum problema na
tramitação normal do processo. Estranhei as coincidências das datas, mas vinte
quatro horas após chegar a Porto Alegre e examinado a situação, passo a ter
absoluta certeza de que não tem nada a ver com V. Exa. Agradeço-lhe pela sua
manifestação, porque ela permite-me a manifestação pública para o caso. Podemos
ter nossas diferenças, mas acima de tudo está o respeito pelo nosso trabalho
aqui dentro desta Casa.
Entretanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, venho tendo uma
preocupação em relação à dificuldade de ver alguns Pedidos de Providências
serem atendidos. Um deles é o do semáforo de três tempos no cruzamento da
Visconde de Ouro Preto com Sertório. Hoje, até por motivo da intempérie, ocorreu
um acidente de pequenas proporções, conforme se previra. Deixo claro que estou
responsabilizando a SMT, na pessoa do Sr. Secretário Marcos Lederman e
técnicos, na medida em que se negaram a atender um Pedido de Providências nosso
que tem absoluta lógica, que é a transformação daquele semáforo de dois para
três tempos, à semelhança de outras sinaleiras que existem na mesma avenida em
áreas de trânsito muito superior. Por outro lado, já toquei nesse assunto em
Sessões anteriores, chamando a atenção do Sr. Secretário. Infelizmente, não
pude conversar com ele em virtude de minhas viagens dentro da campanha
eleitoral, mas insisto na necessidade de se revisar aquela sinaleira, colocando
ali três tempos e garantindo tempos específicos para que se possa dobrar à esquerda,
sob pena de não termos mais um pequeno acidente de pequeno arranhão, mas termos
um acidente de maior proporção. Insisto: o cruzamento da Ouro Preto com
Sertório é relativamente de baixa movimentação. Portanto, a sinaleira ampliada
não vai prejudicar a fluidez do trânsito, mas vai ajudar a organizar o trânsito
que, felizmente, tem andado bem quando encontramos motoristas responsáveis,
mas, evidentemente, se tivermos a passagem, por exemplo, de uma carreta, nós já
temos a criação de um problema grave, porque o tempo não permitirá que a
movimentação dos veículos se dê por aquele cruzamento.
Insisto na necessidade de um reestudo por parte da SMT e lembraria que
os tais “critérios técnicos”, que os técnicos da SMT costumam alegar para não
atender determinadas sugestões, deixam de ser técnicos imediatamente, tão logo
haja algum movimento público. Citaria que, no ano passado, o Ver. Mendes
Ribeiro e este Vereador insistimos quase um ano na colocação de uma sinaleira
na Cidade Jardim, na Av. Cavalhada, e enfrentamos a alegação técnica de que não
havia número suficiente de trânsito para justificar uma sinaleira. Ora, quem
transita na Av. Cavalhada sabe a besteira que se escrevia ali, em nome de um
estudo técnico, para negar-se o atendimento da questão. Bastou um movimento da
população da Cidade Jardim e a proximidade eleitoral, e o motivo técnico
desapareceu, e a sinaleira lá está, atendendo os moradores. Eu insisto na
necessidade de que se deva, realmente, mudar o tempo da sinaleira da Visconde
de Ouro Preto com a Sertório. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
OFÍCIOS:
- s/n.º, do
Senhor Presidente da Câmara Municipal de Campinas - SP, encaminhando, incluso,
o teor da Moção n.º 68/86, de autoria do Ver. Reinaldo Dias, daquela Casa, na
qual apela às Lideranças Partidárias no Congresso Nacional para que votem
contrariamente ao Projeto de Lei n.º 4.919, de 1981, que abre caminho a atuação
de empresas estrangeiras sobre os Serviços Postais no País, e encaminhando, em
anexo, cópia do referido Projeto de Lei.
- 001/86, do
Senhor Presidente da Comissão Especial constituída para examinar o Requerimento
n.º 131/86, de autoria do Ver. Clóvis Brum, comunicando a instalação dos
trabalhos, bem como a eleição dos Presidentes, Vice-Presidente, e a indicação
do Relator.
- do Senhor
Prefeito Municipal, de n.ºs.:
- 542/86, em
atenção ao Pedido de Informações n.º 131/86, de autoria do Ver. Hermes Dutra;
- 543/86, em
atenção ao Pedido de Informações n.º 132/86, de autoria do Ver. Lauro Hagemann;
- 544/86, em
atenção ao Pedido de Informações n.º 129/86, de autoria do Ver. Frederico
Barbosa;
- 546/86,
encaminhando Projeto de Lei do Executivo n.º 59/86, que autoriza a abertura de
créditos suplementares no Departamento Municipal de Limpeza Urbana, no valor de
Cz$ 39.593.240,00 e dá outras providências.
- 815/86, da
Câmara Municipal de Guarujá - SP, encaminhando cópia da Moção n.º 17/86, de
autoria do Ver. Marinaldo Nenke Simões, daquele Legislativo.
OFÍCIOS-CIRCULARES:
- 004/86, do
Senhor Presidente da Câmara Municipal de Uruguaiana - RS, solicitando apoio
desta Casa aos projetos de lei que asseguram o direito à aposentadoria da
mulher do trabalhador rural e o da atualização real dos valores dos aposentados
da Previdência Social do Funcionalismo Público Municipal, Estadual e Federal,
que tramitam no Congresso Nacional.
- 007/86, do
Senhor Presidente da Câmara Municipal de Cachoeira do Sul - RS, encaminhando
cópia da Indicação n.º 64/86, de autoria do Ver. Alfredo Link, daquela Casa.
Legislativa.
CIRCULARES:
- 002/86, da
Câmara Municipal de São José do Rio Preto - SP, encaminhando, incluso, texto do
Requerimento n.º 2115/86, de autoria do Ver. Rubens Bonvino, daquela Casa.
CARTAS:
- do Sr.
Presidente da Associação dos Empresários da Zona Norte de Porto Alegre -
ASSONORTE, comunicando que, em reunião de Diretoria, aquela entidade aprovou um
voto de congratulações a esta Câmara Municipal, “pelo discernimento e
consciência demonstrados por ocasião da votação do Projeto “Sábado Inglês”.
- do Senhor
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas,
Mecânicas e de Material Elétrico de Canoas, convidando para a inauguração de
sua sede e Ginásio de Esportes, dia 08 de novembro próximo, às 20h30, e pedindo
confirmação pelo telefone 72-4955, com D. Marilene, até o dia 15.10.86.
- dos
Senhores Ivan Magalhães e Hélio de Souza, respectivamente, Superintendente de
Produção, Propaganda e Técnica e Diretor Geral de Produção da Rede Bandeirantes
de Rádio e Televisão S/A, agradecendo convite desta Casa, para a Sessão Solene
do dia 02 de outubro passado, ocasião em que foi homenageado o Senhor José
Simões de Paiva Netto.
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
declaro encerrados os trabalhos e convoco os Srs. Vereadores para a Sessão
Ordinária da próxima segunda feira, à hora regimental.
Estão levantados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 11h12min.)
Sala das Sessões do Palácio Aloísio Filho, 10 de outubro de 1986.
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